Aceita um cafezinho? ☕🥟

Rafael Onça
2 min readAug 24, 2021

É simples, de marca popular. A velha fórmula do pó, coador e água quente. E ao final, um toque de açúcar. No futuro, espero não precisar recorrer ao adoçante. Tem gosto de remédio.

Peço que aceite. Que se sente comigo e tome uma xícara ou duas. Quem sabe três!

Não é chá, não é cappuccino, não é frufruzinho gourmet. É apenas o meu singelo cafezinho rotineiro.

No entanto, não é meu café que eu ofereço. Ele é só o quebra-gelo, o elo, a desculpa, o argumento que faltava . O que estou a servir é na verdade um pouco de mim.

Quero por na mesa os meus devaneios, sonhos e opiniões… Desde as triviais até as mais densas. Olhar nos olhos interessados de alguém enquanto falo e escuto.

Sim, ouvir é a parte mais gostosa. É sinal de que o café está bom. Ou pelo menos, o objetivo dele. E a cada gole, desce uma nova ideia e a cada ideia, uma nova janela se abre diante de mim.

Recusar um cafezinho pode ser uma ofensa. Ou talvez seja receio do que pode expor esses cinco, dez, vinte ou trinta minutos diante do universo em forma líquida que sai do bule…Medo da fumaça e do cheiro que estimulam e relaxam paradoxalmente o corpo tanto quanto o álcool.

Não convido muitas vezes alguém que recusa meu café. Quem o deixa esfriar sobre a mesa, está de alguma maneira, sendo indiferente comigo ou com meu conteúdo.

Tudo bem, não importa. Faço e refaço. Café fresco, ideias frescas.

Doce ou amargo, com ou sem biscoitos. Meia xícara ou xícara cheia. Tanto faz. Quem toma meu café, toma prazerosamente o meu tempo e degusta uma amostra do meu repertório.

Enquanto escrevia, a cafeteira trabalhava. Agora devo retornar ao processo.

Alguém está servido? ☕🥟

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Rafael Onça
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Escritor, redator e pensador de chuveiro. Crônicas, versos e divagações para jogar na roda. @cedilhando